Canadá avança com projeto de novo oleoduto
O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, assinou nesta quinta-feira (27) um acordo com Alberta, uma província rica em petróleo, para construir um novo oleoduto.
Essa decisão entra em colisão com o compromisso de Ottawa de combater a mudança climática.
O memorando de entendimento descreve um plano para um oleoduto que irá de Alberta até a costa do Pacífico, com o objetivo de impulsionar as exportações de petróleo para a Ásia, em linha com a meta de Carney de expandir o comércio exterior para compensar os prejuízos causados pela guerra comercial do presidente americano, Donald Trump.
"A prioridade do acordo, é claro, é contar com um oleoduto para a Ásia", declarou Carney antes da assinatura junto com a primeira-ministra de Alberta, Danielle Smith.
Este acordo marca uma clara guinada do Partido Liberal de Carney em relação às políticas do ex-primeiro-ministro Justin Trudeau.
As relações entre Alberta e Ottawa se deterioraram durante o governo Trudeau.
Smith acusou repetidamente o ex-premiê de sufocar o potencial crescimento econômico de Alberta por meio do que chamou de políticas radicais pró-clima.
Carney, que cresceu em Alberta, busca melhorar as relações com Smith e pretende transformar o Canadá em uma superpotência energética.
Mas agora ele se expõe a acusações de trair os compromissos climáticos do Canadá, inclusive dentro de seu próprio partido.
Enviado da ONU para o clima antes de entrar na política canadense no início do ano, o primeiro-ministro insistiu que o projeto também tornará o setor petrolífero canadense "mais sustentável".
"Faremos isso em combinação com o Projeto Pathways, que será o maior projeto de captura de carbono do mundo", declarou.
O painel científico de especialistas da ONU sobre mudança climática (IPCC) afirma que a captura de carbono é uma opção para reduzir as emissões, mas críticos a classificam como uma desculpa para continuar queimando combustíveis fósseis.
A construção efetiva de um novo oleoduto ainda está distante. Uma proposta formal deve estar pronta até julho de 2026.
O memorando de entendimento inclui a consulta com grupos indígenas e a copropriedade indígena de qualquer infraestrutura.
Contudo, as Primeiras Nações e grupos indígenas se opõem a projetos petrolíferos de grande escala.
Um oleoduto também teria de atravessar a Colúmbia Britânica, a província da costa oeste governada por um setor progressista que se afastou do acordo.
C.Neri--GdR