Giornale Roma - Presidente da Comissão Europeia encara moção de censura sem riscos reais

Presidente da Comissão Europeia encara moção de censura sem riscos reais
Presidente da Comissão Europeia encara moção de censura sem riscos reais / foto: Frederick Florin - AFP/Arquivos

Presidente da Comissão Europeia encara moção de censura sem riscos reais

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfrenta nesta segunda-feira (7) as perguntas dos eurodeputados que criticam sua gestão centralizada e falta de transparência, antes da votação de uma moção de censura com poucas chances de êxito.

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O processo foi promovido por um setor da extrema direita no Parlamento Europeu e praticamente não tem nenhuma chance de provocar a queda de Von der Leyen na votação marcada para quinta-feira.

A presidente será submetida a um intenso interrogatório no plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, mas também terá a chance de responder aos críticos.

O processo foi iniciado por um eurodeputado romeno de extrema direita, Gheorghe Piperea, que critica a falta de transparência da dirigente e da Comissão no chamado escândalo "Pfizergate".

Von der Leyen nunca tornou pública uma troca de mensagens de texto com o CEO da Pfizer, Albert Bourla, durante a pandemia de coronavírus, quando a Comissão estava negociando a compra de grandes quantidades de vacinas do laboratório.

O caso motivou fortes críticas de várias associações da sociedade civil.

O jornal The New York Times recorreu à Justiça para ter acesso à troca de mensagens, mas descobriu que o conteúdo não havia sido preservado.

Piperea também acusa a Comissão Europeia de "interferir" nas eleições presidenciais da Romênia em maio, que tiveram como vencedor Nicusor Dan, um apoiador da União Europeia.

O nacionalista Calin Georgescu havia vencido um pleito anterior, em novembro, que foi anulado pelo Tribunal Constitucional do país devido a irregularidades e suspeitas de interferência russa.

- "Uma vergonha" -

Embora a moção deva receber o apoio de parte do bloco de extrema direita, a tentativa de destituir Von der Leyen parece fadada ao fracasso.

O próprio grupo político de Piperea, os Conservadores e Reformistas (ECR), já se distanciou da ideia.

Além disso, o bloco ECR inclui legisladores que respondem à primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que é mais conciliadora em relação à presidente da Comissão.

Enquanto isso, o maior bloco do Parlamento Europeu, o majoritário Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), está unido em torno de Von der Leyen, uma das principais figuras deste partido.

O líder do PPE, o alemão Manfred Weber, zombou dos "fantoches de Putin no Parlamento Europeu" que "estão tentando minar a unidade da Europa e derrubar a Comissão em um momento de turbulência global e crise econômica", o que ele considerou como "uma vergonha para os cidadãos europeus".

O equilíbrio político do Parlamento Europeu tem como base um tripé formado pelo PPE, os Socialistas e Democratas (S&D, centro-esquerda) e o Renew (liberais centristas).

Embora os social-democratas e os centristas não escondam sua irritação com o crescente conservadorismo de Von der Leyen, dificilmente apoiarão uma iniciativa de extrema direita que desencadeie uma crise institucional.

Os dois blocos têm criticado regularmente o PPE por suas ambiguidades em relação à extrema direita, sobretudo por se juntar ao questionamento das leis ambientais.

Outra reclamação é a gestão cada vez mais centralizada de Von der Leyen em seu segundo mandato.

O episódio que levou as tensões ao ponto de ruptura foi a ameaça da Comissão de retirar um projeto de lei contra o greenwashing corporativo, que já está sendo negociado no Parlamento Europeu.

A iniciativa foi recebida como uma afronta pelos eurodeputados.

Uma moção de censura à Comissão Europeia nunca foi aprovada anteriormente.

V.Bellini--GdR