

Desabafo de Zverev reacende debate sobre saúde mental no tênis
A saúde mental não é um tema frequentemente discutido no mundo do tênis, mas o recente desabafo do número 3 do mundo, o alemão Alexander Zverev, colocou o assunto como centro de debates na edição deste ano de Wimbledon.
Após ser eliminado logo na primeira rodada, o alemão falou à imprensa sobre a luta que frequentemente trava dentro e fora das quadras.
"No geral, me sinto bastante sozinho na vida agora, o que não é uma sensação muito agradável", disse o tenista de 28 anos.
"Nunca senti esse vazio antes... Também me falta felicidade fora do tênis", acrescentou.
Esses comentários foram feitos quatro anos após a ex-número 1 do mundo, Naomi Osaka, ter se retirado de Roland Garros em 2021, revelando que sofria de depressão havia anos.
Questionada sobre os comentários de Zverev, a jogadora japonesa disse não ter certeza se ela era "a pessoa que deveria dar conselhos".
"A vida é séria e ao mesmo tempo não", declarou Osaka, acrescentando que não jogou no torneio de Queen's em junho passado porque "mentalmente não me sentia preparada depois de perder em Roland Garros".
Zverev, que chegou à final do Aberto da Austrália no final de janeiro, disse na terça-feira que sente falta de motivação na vida e que, pela primeira vez, considerou fazer terapia.
Ele afirmou que até mesmo quando vencia, não se sentia feliz ou motivado para continuar.
- "Falar abertamente" -
Seus comentários diretos levaram a bielorrussa Aryna Sabalenka a convidá-la a continuar "falando abertamente".
A número 1 do mundo acrescentou que faz terapia há cinco anos.
"Acho muito importante ser aberto e falar sobre o que você está passando, porque se você reprimir, isso vai te destruir", disse a tenista de 27 anos.
"No momento em que você começa a falar sobre seus problemas, você começa a perceber muitas coisas... isso te ajuda a resolvê-los", acrescentou.
A número 10 do ranking da WTA, Emma Navarro, por sua vez, opinou que é difícil para os tenistas se manterem positivos "quando você perde quase todas as semanas".
"Nós temos nós mesmos como nossos próprios críticos, e, no entanto, muitas pessoas por aí são igualmente críticas", disse a americana de 24 anos.
Navarro admitiu que "construiu uma espécie de escudo" em torno de si para suportar a pressão.
Ela também disse estar preocupada com as críticas e a atenção, tanto negativas quanto positivas, que jovens jogadoras, ainda adolescentes, recebem.
"Acho muito difícil ser exposta a esse tipo de atenção na adolescência. É um pouco assustador porque você é muito influenciável nessa idade", disse ela.
"Eu estremeço um pouco quando vejo jovens lidando com essa atenção", insistiu.
Para sua compatriota Madison Keys (nº 8), de 30 anos, um grande problema é que o tênis consome tudo na vida dos jogadores.
"Desde muito jovens... nossa identidade se torna absorvida pelo fato de sermos tenistas. Isso é ótimo, mas quando você tem semanas, meses, anos difíceis no circuito, isso pode afetar a forma como você se vê como pessoa".
Por isso, Keys aconselhou os jogadores a se cercarem de um "bom sistema de apoio e... não entrarem no Twitter (X)".
S.Bruno--GdR