Incursão israelense no sul da Síria deixa ao menos 13 mortos
As forças israelenses mataram 13 pessoas nesta sexta-feira (28) no sul da Síria, em uma incursão que, afirmaram, tinha como alvo um grupo islamista e terminou como a mais letal desde a queda do presidente Bashar al-Assad, há quase um ano.
O Exército israelense anunciou uma troca de tiros e informou que seis soldados ficaram feridos, três deles em estado grave.
O Ministério das Relações Exteriores da Síria denunciou um "crime de guerra" e acusou Israel de querer "incendiar" a região.
A incursão aconteceu no vilarejo de Beit Jinn, quase 40 quilômetros ao sudoeste de Damasco e perto das Colinas de Golã, ocupadas por Israel desde 1967.
O Exército israelense afirmou que a operação tinha como objetivo "deter suspeitos que integram a organização Jamaa Islamiya", ativa na Síria e no Líbano, e aliada ao movimento islamista palestino Hamas. Também indicou que os indivíduos "preparavam ataques contra civis israelenses".
A incursão terminou com 13 mortos, segundo o secretário de Saúde da província de Damasco, Tufic Hasaba, citado pela agência oficial Sana. O balanço anterior era de 10 mortos, incluindo mulheres e crianças, segundo o canal de televisão estatal.
"Estávamos dormindo e fomos acordados com os disparos às três da manhã", disse à AFP um ferido, Iyad Taher.
"Vimos o Exército israelense no vilarejo, os soldados e os tanques (...) Depois se retiraram e, então, veio a Aviação e começaram a cair projéteis", acrescentou o homem, atingido por um fragmento de projétil.
O objetivo da incursão era "deter três jovens" da região, afirmou à AFP o prefeito da localidade, Abdel Rahman al-Hamraui.
Ele disse que vários moradores tentaram impedir a incursão do Exército israelense, que respondeu "bombardeando a localidade com artilharia e drones".
- Operação mais letal -
O ataque coincidiu com manifestações em várias cidades do país para celebrar o ano do início da ofensiva que, em dezembro de 2024, terminou com a saída de Bashar al-Assad.
Milhares de pessoas se concentraram em Damasco, Alepo, Homs e outras cidades sírias em resposta ao chamado do presidente interino Ahmed al Sharaa, que há um ano liderou a coalizão islamista à frente desta ofensiva.
"Depois de termos saído vitoriosos contra Bashar al-Assad, venceremos contra Israel", disse Batul Imad al Din, uma professora de 29 anos em Damasco, à AFP.
Após a queda do líder sírio Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, e o início do novo governo islamista em Damasco, Israel executou centenas de ataques na Síria.
Além disso, mobilizou tropas na zona desmilitarizada das Colinas de Golã, além da linha de demarcação entre a parte do território sírio anexada unilateralmente por Israel em 1981 e o restante da Síria.
Israel atribui "grande importância" à sua presença militar na zona-tampão da Síria, segundo declarou em 19 de novembro o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao visitar os soldados israelenses mobilizados na área que, teoricamente, está sob controle da ONU.
A visita foi denunciada pelas Nações Unidas e pelo governo de Damasco.
O diretor da ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, afirmou que a operação desta sexta-feira foi "a incursão mais letal desde que Israel começou a realizar operações fora da zona-tampão no sul da Síria".
L.Costa--GdR