Atentado suicida deixa pelo menos 12 mortos na capital do Paquistão
O ministro do Interior do Paquistão anunciou que pelo menos 12 pessoas morreram e 27 ficaram feridas nesta terça-feira (11) em um atentado suicida com bomba em frente a um tribunal da capital do país, Islamabad, reivindicado pelos talibãs paquistaneses.
O ataque, o primeiro desse tipo na cidade em anos, provocou pânico entre os moradores de uma área que também abriga diversos prédios governamentais.
"Houve um atentado suicida no Kachehri", o tribunal de distrito, disse o ministro do Interior, Mohsin Naqvi, no local. "Até o momento, 12 pessoas morreram e 27 ficaram feridas".
Um jornalista da AFP viu tropas paramilitares isolando a área onde, segundo o ministro do Interior, o agressor detonou os explosivos perto de uma viatura policial.
O Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP) reivindicou o atentado. "Nesta terça-feira, um de nossos membros atacou um tribunal em Islamabad", afirmou o grupo em um comunicado.
"Ataques serão executados contra aqueles que proferem sentenças baseadas em leis não islâmicas, contra aqueles que as aplicam e aqueles que as protegem, até que a 'sharia' seja implementada em todo o país", acrescentou o TTP.
Antes da reivindicação, o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, já havia acusado o TTP e os separatistas da região do Baluchistão, ambos responsáveis por ataques direcionados principalmente contra as forças de segurança.
Em Islamabad, o advogado Mohammed Shahzad Butt relatou uma "explosão massiva".
"Todos começaram a correr para dentro, aterrorizados. Vi pelo menos cinco corpos estendidos na porta principal", disse à AFP.
Outro advogado, Rustam Malik, relatou que ouviu "uma forte explosão na porta" ao entrar no complexo. "Vi dois corpos estendidos na porta e vários veículos em chamas", acrescentou.
- Tensões regionais -
Islamabad permaneceu praticamente à margem da violência de milicianos nos últimos anos; o último atentado suicida havia sido registrado em dezembro de 2022.
Mas o país enfrenta um ressurgimento dos ataques, que as autoridades atribuem principalmente a grupos armados que supostamente se refugiam no território afegão.
O atentado ocorreu enquanto as forças de segurança paquistanesas combatiam militantes entrincheirados em uma escola no distrito de Wana, no noroeste de Khyber Pakhtunkhwa, perto da fronteira com o Afeganistão.
"Ontem à noite também houve um atentado em Wana", afirmou Naqvi, acrescentando que três pessoas morreram no incidente cujo autor é um afegão. "O Afeganistão está diretamente envolvido nesse atentado", declarou o ministro.
Ataques recentes provocaram um confronto sangrento entre Islamabad e Cabul em outubro, o pior combate transfronteiriço em anos.
Segundo as Nações Unidas, mais de 70 pessoas morreram em ambos os lados, incluindo cerca de 50 civis afegãos.
Paquistão e Afeganistão alcançaram um frágil cessar-fogo, mas não conseguiram concretizar os detalhes durante várias rodadas de negociações.
O ministro paquistanês da Defesa, Khawaja Asif, afirmou antes da reivindicação que o atentado suicida em Islamabad deve ser considerado "um alerta".
"Neste contexto, seria inútil nutrir grandes esperanças de que as negociações com os governantes de Cabul sejam bem-sucedidas", escreveu no X.
Islamabad acusa Cabul de abrigar talibãs paquistaneses e outros grupos que lançam ataques na longa e porosa fronteira, algo que o governo afegão nega.
V.Colombo--GdR