

Trump descarta envio de tropas à Ucrânia, mas avalia apoio aéreo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descartou nesta terça-feira (19) o envio de tropas americanas para a Ucrânia, mas considerou estender o apoio aéreo, enquanto os aliados ocidentais começavam a negociar garantias de segurança para Kiev antes de uma eventual cúpula com a Rússia.
Trump, em um esforço diplomático voltado a pôr fim à guerra, levou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e os principais líderes europeus à Casa Branca na segunda-feira, três dias após seu encontro histórico com seu homólogo russo, Vladimir Putin, no Alasca.
Trump afirmou que o presidente Putin, a quem telefonou em meio às conversas de segunda-feira, havia concordado em se reunir com Zelensky e aceitar algum tipo de garantias de segurança ocidentais para a Ucrânia frente à Rússia; promessas que Kiev e os líderes europeus receberam com extrema cautela.
Putin propôs realizar a cúpula com Zelensky em Moscou, informaram à AFP três fontes próximas ao telefonema de Trump. Uma das fontes indicou que Zelensky rejeitou imediatamente o local.
Trump, que tem criticado duramente os bilhões de dólares em apoio americano à Ucrânia desde a invasão russa em 2022, afirmou que as nações europeias tomariam a iniciativa enviando tropas para assegurar qualquer acordo, uma ideia que França e Reino Unido têm considerado.
"Quando se trata de segurança, eles estão dispostos a colocar gente no terreno", disse Trump à Fox News.
"Estamos dispostos a ajudá-los com coisas, especialmente, provavelmente, se falarmos de apoio aéreo, porque ninguém tem o tipo de coisas que nós temos, realmente, eles não têm", acrescentou Trump.
Ele acrescentou sua "garantia" de que não serão implantadas tropas terrestres americanas na Ucrânia e descartou categoricamente, mais uma vez, que a Ucrânia se una à aliança militar ocidental Otan.
Trump tem se alinhado a Putin ao descrever as aspirações de Kiev de ingressar na Otan como causa da guerra, na qual dezenas de milhares de pessoas morreram.
Os líderes europeus, a Ucrânia e o predecessor de Trump, Joe Biden, qualificaram esse assunto como um pretexto e apontaram como causa as declarações de Putin que rejeitam a legitimidade histórica da Ucrânia.
- "Coalizão de voluntários" -
Após as conversas com Trump, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reuniram cerca de 30 aliados da Ucrânia, conhecidos como a "coalizão de voluntários", para consultas virtuais.
Starmer os informou que as equipes da coalizão e funcionários americanos se reuniriam nos próximos dias para debater as garantias de segurança e "se preparar para o desdobramento de uma força de segurança caso as hostilidades cessem", declarou um porta-voz de Downing Street.
Os líderes também debateram como se poderia exercer maior pressão sobre Putin, inclusive mediante sanções, até que demonstrasse disposição em tomar medidas sérias para pôr fim à sua invasão.
Os chefes de Estado-Maior dos 32 países membros da Otan se reunirão por videoconferência na quarta-feira para falar sobre a Ucrânia, informaram as autoridades.
- Genebra como sede -
A Rússia, por sua vez, advertiu que qualquer solução deve proteger também seus próprios interesses.
O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, declarou à televisão estatal que qualquer acordo deve garantir os direitos das pessoas de língua russa que vivem na Ucrânia, argumento usado por Moscou para justificar a ofensiva lançada em fevereiro de 2022.
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou ao canal de notícias francês LCI que queria que a cúpula bilateral fosse realizada em Genebra, um lugar histórico para conversas de paz.
O chanceler suíço, Ignazio Cassis, afirmou que seu país ofereceria "imunidade" ao presidente russo caso ele comparecesse "para uma conferência de paz", apesar de sua ordem de detenção internacional.
Macron e o chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmaram que a cúpula poderia acontecer em duas semanas.
Trump também busca uma cúpula trilateral com sua participação, enquanto Macron pediu uma reunião a quatro bandas com a participação dos europeus, vitais para a segurança da Ucrânia.
No entanto, nas ruas de Kiev poucos acreditam que as últimas conversas consigam pôr fim ao pior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
"O problema principal é que o próprio Putin não quer", disse à AFP Anton, um homem de 32 anos.
"Eles podem se reunir quantas vezes quiserem, mas Putin não precisa disso e Donald Trump não sabe muito bem o que fazer", sentenciou.
Diferente era o ambiente em Moscou, onde algumas pessoas se mostraram mais otimistas.
"Espero que possamos chegar a um acordo em termos mutuamente benéficos", expressou Viacheslav, de 23 anos, que trabalha para o governo.
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M.Pellegrini--GdR