Giornale Roma - Suíça corre contra o tempo em busca de resposta à ofensiva tarifária de Trump

Suíça corre contra o tempo em busca de resposta à ofensiva tarifária de Trump
Suíça corre contra o tempo em busca de resposta à ofensiva tarifária de Trump / foto: Mandel Ngan - AFP

Suíça corre contra o tempo em busca de resposta à ofensiva tarifária de Trump

Após o anúncio de Donald Trump de uma tarifa de 39% sobre suas importações, a Suíça, ainda consternada, informou, nesta segunda-feira (4), que quer continuar as negociações com os Estados Unidos para "apresentar uma oferta mais atrativa".

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Esta tarifa, muito superior aos 15% que serão aplicados aos produtos da União Europeia, pegou os suíços de surpresa, principalmente porque inicialmente os americanos haviam mencionado uma sobretaxa de 31%.

O golpe foi ainda maior, pois Trump não hesitou em fazer o anúncio em 1º de agosto, dia da festa nacional da confederação alpina. As tarifas adicionais entrarão em vigor em 7 de agosto.

Após uma reunião de emergência nesta segunda-feira (4), o governo suíço declarou que quer continuar as negociações com os Estados Unidos mesmo depois de 7 de agosto, para "apresentar uma oferta mais atrativa".

O governo suíço está "determinado a continuar as discussões e negociações", levando em consideração as preocupações dos Estados Unidos, para "encontrar um acordo", indicou o governo em um comunicado após a reunião.

No entanto, em uma entrevista pré-gravada transmitida no domingo pela CBS, o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, disse que esta tarifa é "quase definitiva".

A Secretaria de Estado suíça encarregada da Economia também se reuniu nesta segunda-feira com diversos representantes da economia suíça, informou a instituição à AFP, sem revelar o conteúdo das conversas.

Segundo a presidente suíça, Karin Keller-Sutter, Trump acredita que a Suíça "rouba" os Estados Unidos, em vista do déficit comercial americano com os suíços, que em 2024 foi de quase 43 bilhões de euros (cerca de 275 bilhões de reais, na cotação de dezembro).

O SMI, índice de referência da Bolsa suíça, perdeu 2% nas primeiras operações desta segunda-feira, mas mitigou as perdas ao longo do dia, fechando em queda de 0,15%.

Isto é "um sinal de que os investidores estão otimistas com a perspectiva de uma tarifa mais baixa que será negociada nos próximos dias", escreveu Kathleen Brooks, diretora de pesquisa da XTB, em uma nota ao mercado.

- De 0,3% a 0,6% do PIB -

Os Estados Unidos são um parceiro fundamental para este pequeno país de 9 milhões de habitantes. Em 2024, 18,6% de suas exportações de mercadorias foram destinadas aos EUA, segundo os registros aduaneiros.

Esta sobretaxa poderá ter um forte impacto na economia suíça. A grande incógnita é o que acontecerá com os produtos farmacêuticos, que representam "mais da metade" das exportações da Suíça, destacou Hans Gersbach.

Segundo este professor de economia da Escola Politécnica Federal de Zurique, estas tarifas de 39% podem custar à Suíça entre 0,3% e 0,6% de crescimento anual, mas o impacto no Produto Interno Bruto pode chegar a "pelo menos 0,7%", dependendo do que acontecer com os produtos farmacêuticos, até agora isentos de tarifas.

O presidente americano também está tentando pressionar as grandes empresas farmacêuticas para que baixem os preços dos medicamentos, o que adiciona mais uma incerteza.

Em uma nota ao mercado, analistas da Vontobel consideram que "ainda há esperança de que seja alcançado um acordo" e as tarifas sejam reduzidas para um nível "mais próximo dos 15% aplicados a outros países".

"No entanto, se estas tarifas de 39% forem mantidas", os lucros das empresas desses setores podem ser "substancialmente afetados", alertam.

- Não ceder -

A Chocosuisse, organização patronal dos fabricantes de chocolate, considera estas tarifas de 39% "um golpe duro", que traz o risco de que os produtos suíços desapareçam das prateleiras nos Estados Unidos e que os que permanecerem "vejam seus preços aumentarem".

Esta organização patronal pediu ao governo que "não ceda" e "continue com firmeza as negociações".

Entre as alavancas de negociação, a imprensa menciona o comércio do ouro, que tem como efeito inflar o superávit comercial da Suíça em relação aos Estados Unidos. A Suíça abriga muitas refinarias, onde barras importadas, principalmente do Reino Unido, são derretidas para serem refundidas de acordo com as normas americanas.

Estes intercâmbios de ouro provocam uma distorção estatística no comércio, segundo o jornal SonntagZeitung, que sugere lembrar que eles dão a impressão de que a Suíça exporta mais para os Estados Unidos do que realmente faz.

L.Moretti--GdR