

Rússia rejeita via diplomática após maior bombardeio contra Ucrânia desde o início da guerra
A Rússia afirmou, nesta sexta-feira (4), que "não é possível" alcançar seus objetivos na Ucrânia pela via diplomática, depois de efetuar o maior bombardeio contra o país vizinho desde o início da guerra, em 2022.
O bombardeio em larga escala com drones e mísseis aconteceu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter declarado na quinta-feira que uma conversa telefônica com seu homólogo russo, Vladimir Putin, terminou sem avanços.
O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, enfatizou que, neste momento, "não é possível" alcançar os objetivos estabelecidos na Ucrânia pela via diplomática, razão pela qual o país continuará com "a operação militar especial".
Os correspondentes da AFP em Kiev relataram o som de drones se aproximando da capital ucraniana e os barulhos das explosões quando os dispositivos foram repelidos pelos sistemas de defesa antiaérea.
Um porta-voz militar da Força Aérea ucraniana afirmou que este bombardeio foi o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde o início da guerra em 2022.
Timur, morador de Kiev, afirmou que nunca havia observado um ataque tão intenso.
"Nunca havia acontecido nada parecido com este ataque. Foram muitas explosões", contou.
- Ligação entre Zelensky e Trump -
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que o alerta antiaéreo começou a ser acionado em todo o país quando a ligação entre Putin e Trump foi anunciada.
"Mais uma vez, a Rússia demonstra que não tem intenção de terminar com a guerra e com o terror", declarou Zelensky.
Para o presidente ucraniano, esta é mais uma prova de que "sem uma pressão em larga escala, a Rússia não mudará seu comportamento estúpido e destrutivo".
Ele informou que 23 pessoas ficaram feridas na série de bombardeios. A Força Aérea anunciou que a Rússia lançou 539 drones e 11 mísseis. Do total, 478 foram abatidos.
Zelensky conversará nesta sexta-feira com Trump, informou à AFP um funcionário de alto escalão do governo ucraniano.
- "Absoluta falta de consideração" -
A Rússia intensificou os ataques noturnos nas últimas semanas. Segundo uma contagem da AFP, Moscou lançou um número recorde de drones e mísseis contra a Ucrânia em junho, o que coincidiu com a estagnação nas negociações de paz diretas entre Kiev e Moscou.
"Putin está mostrando claramente sua absoluta falta de consideração pelos Estados Unidos e por qualquer um que peça o fim da guerra", declarou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Sibiga.
Em Kiev, dezenas de pessoas buscaram refúgio nas estações de metrô. "Passamos todas as noites aqui, conhecemos os funcionários e as pessoas que vêm", disse Yulia Golovnina, de 47 anos.
A intensificação dos ataques gera preocupação depois que o governo dos Estados Unidos anunciou esta semana que suspenderá o envio de algumas armas para a Ucrânia, um apoio crucial para repelir os bombardeios.
O tom adotado por Trump após a conversa com Putin foi sombrio. Nas cinco ligações telefônicas anteriores com o presidente russo desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, o republicano mostrou otimismo e relatou avanços para chegar a um acordo.
Na quinta-feira, no entanto, o presidente republicano expressou sua crescente frustração.
A Ucrânia também intensificou os ataques com drones na Rússia, onde uma mulher morreu na queda de um dispositivo ucraniano em um prédio residencial, segundo o governador interino da região.
Apesar dos ataques, Rússia e Ucrânia anunciaram nesta sexta-feira que realizaram uma nova troca de prisioneiros de guerra, como parte de um acordo alcançado no início de junho em um diálogo indireto em Istambul.
M.Marini--GdR