

Sociais-democratas aprovam coalizão dirigida por Friedrich Merz na Alemanha
O conservador Friedrich Merz vai liderar um governo de coalizão na Alemanha a partir da próxima semana, depois que seus aliados minoritários, os sociais-democratas do SPD, aprovaram um acordo com o CDU/CSU nesta quarta-feira (30).
O líder conservador de 69 anos será eleito oficialmente como chefe de Governo em 6 de maio no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão.
Seu partido conservador CDU/CSU, vencedor das legislativas de 23 de fevereiro, decidiu aliar-se ao Partido Social-Democrata (SPD) e excluiu qualquer colaboração com a extrema direita do Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar.
Os membros do SPD aprovaram com 84,6% o acordo baseado em um plano com as prioridades políticas para os próximos quatro anos.
Merz, antigo rival de Angela Merkel e sem experiência de governo, enfrentará vários desafios em um contexto em que seu aliado Estados Unidos se tornou imprevisível sob o comando de Donald Trump e diante de uma crescente ameaça russa.
Essa situação obriga a Alemanha e outros países europeus a aumentar seus gastos com defesa.
Um amplo programa de investimentos foi adotado para reconstruir o país e modernizar sua infraestrutura, flexibilizando as rígidas regras orçamentárias nacionais que limitam os déficits públicos.
- "Líder na Europa" -
Merz garantiu na segunda-feira que seu país "assumiria" novamente "suas responsabilidades como líder na Europa e com os outros membros da União Europeia", após anos de discrição durante o governo de Olaf Scholz.
No novo governo, a Economia será comandada por um social-democrata, Lars Klingbeil, copresidente do partido, que também será vice-chanceler, anunciou a legenda nesta quarta-feira.
Outros seis ministros sociais-democratas serão anunciados oficialmente em 5 de maio, incluindo o muito popular Boris Pistorius, responsável pela pasta da Defesa de Scholz, disse o secretário-geral do partido, Matthias Miersch.
Na semana passada, Merz anunciou seu ministro das Relações Exteriores, o deputado Johann Wadephul, 62 anos, ex-militar e fervoroso defensor da Ucrânia.
Apoiar Kiev contra a invasão russa é uma das prioridades do futuro governo.
"A luta da Ucrânia contra a agressão russa também é uma luta para manter a paz e a liberdade em nosso país", disse Merz na segunda-feira.
- Leve crescimento -
O líder conservador também terá que cumprir suas promessas de campanha, como reduzir a migração, após vários ataques mortais envolvendo estrangeiros que alimentaram o partido de extrema direita AfD.
O outro grande desafio será resolver a crise do modelo industrial alemão, que afeta duramente o crucial setor automotivo, agravado pelos aumentos de tarifas de Trump.
A economia, ainda cambaleando após dois anos de recessão, também está alimentando a ascensão do AfD.
Nesta quarta-feira, porém, uma boa notícia foi anunciada no cenário econômico: o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2% no primeiro trimestre de 2025, segundo dados oficiais, acima dos 0,1% previstos por especialistas.
O aumento é bem-vindo após a contração de 0,2% do PIB no último trimestre de 2024, "uma surpresa claramente positiva", segundo Jens-Oliver Niklasch, do banco LBBW.
Para outros especialistas, esses dados devem ser vistos com cautela.
Segundo Dirk Schumacher, analista do banco estatal KfW, esse crescimento "não deve ser interpretado como o início de uma recuperação duradoura".
"O aumento trimestral ainda é muito fraco para acabar com a estagnação de longa data do país", alertou Carsten Brzeski, do ING.
F.Villa--GdR