Giornale Roma - Trump anuncia bloqueio de 'petroleiros sancionados' que entrem ou saiam da Venezuela

Trump anuncia bloqueio de 'petroleiros sancionados' que entrem ou saiam da Venezuela
Trump anuncia bloqueio de 'petroleiros sancionados' que entrem ou saiam da Venezuela / foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS - AFP

Trump anuncia bloqueio de 'petroleiros sancionados' que entrem ou saiam da Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (16) um bloqueio naval dos "navios petroleiros sancionados" que saiam ou se dirijam à Venezuela, em uma nova escalada da sua campanha de pressão sobre Caracas.

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"Hoje, determino O BLOQUEIO TOTAL E COMPLETO DE TODOS OS PETROLEIROS SANCIONADOS que entram e saem da Venezuela", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social na noite desta terça, dias depois de as forças americanas apreenderam um navio-tanque em frente ao litoral venezuelano.

Trump também assinalou que o destacamento naval no Mar do Caribe "apenas ficará maior", até que a Venezuela devolva "aos Estados Unidos da América todo o Petróleo, a Terra, e outros Ativos que roubaram de nós anteriormente".

A Venezuela, por sua vez, não demorou a reagir. "O presidente dos Estados Unidos pretende impor de maneira absolutamente irracional um suposto bloqueio naval militar à Venezuela com o objetivo de roubar as riquezas que pertencem à nossa Pátria", afirmou o governo venezuelano.

Em 10 de dezembro, Washington sacudiu o mercado do petróleo ao interceptar e apreender um navio-tanque que estava sancionado pelo Departamento do Tesouro, e que tinha acabado de sair da Venezuela carregado de petróleo.

Os Estados Unidos ficaram com a embarcação e o combustível, o que foi classificado pelo governo do presidente Nicolás Maduro de "roubo descarado".

Paralelamente, Washington anunciou sanções contra seis empresas do setor de transporte de petróleo e seis navios-tanques.

Isolada internacionalmente, a Venezuela é forçada a usar esses navios "fantasmas", que carregam petróleo bruto venezuelano a um preço muito abaixo do valor de mercado, para conseguir comercializá-lo e, ao mesmo tempo, contornar as sanções financeiras impostas ao país.

Caracas produz atualmente cerca de 930 mil barris diários, e a maior parte de suas exportações vai para a China.

Em agosto, os Estados Unidos enviaram uma flotilha para atuar no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental, liderada pelo maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, sob a alegação de combater o narcotráfico.

Um bloqueio dos portos venezuelanos ao trânsito de petróleo traria enormes dificuldades para o governo Maduro, coincidem os analistas.

- 'Significativo' -

A inclusão dessas transportadoras e embarcações diretamente em uma lista de sanções "é uma escalada muito significativa", declarou à AFP Francisco Monaldi, diretor do Programa de Energia da América Latina do Instituto Baker (Texas), quando ocorreu esse anuncio.

Esses seis navios estavam em portos venezuelanos quando a medida foi noticiada, detalhou o especialista. "Estão esperando que [cada navio] saia do país para realizar a apreensão", explicou.

"Isso, combinado ao fato de que talvez alguns barcos literalmente digam 'não volto à Venezuela', podem levar a quedas no preço e no volume exportado. Se, além disso, a exportação cair, o problema é que a Venezuela não tem muita capacidade para armazenar petróleo bruto. Então, precisa interromper a produção ou encerrar uma parte dela", explicou.

"O regime ilegítimo de Maduro está usando o petróleo desses campos petrolíferos roubados para se financiar, além de financiar o narcoterrorismo, o tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros", acusou Trump em sua mensagem na Truth Social.

O navio apreendido estava relacionado ao Irã e ao grupo xiita libanês Hezbollah, segundo os Estados Unidos. Maduro acusa o presidente americano de querer se apoderar das riquezas naturais de seu país.

- Caso Chevron -

A relação entre Washington e Caracas é ambígua no que diz respeito ao petróleo, uma vez que o governo Trump renovou, ainda que com alterações, a licença que o governo de Joe Biden concedeu à empresa Chevron para operar no país sul-americano, que possui grandes reservas de petróleo e gás.

A Chevron extrai e vende petróleo bruto venezuelano graças a esse acordo, o que faz com que parte da produção venezuelana escape das sanções.

"As operações da Chevron na Venezuela seguem sem interrupções e em pleno cumprimento das leis e regulações aplicáveis ao seu negócio, assim como dos regimes de sanções previstos pelo governo dos Estados Unidos", destacou Bill Turenne, porta-voz da petroleira, em e-mail enviado à AFP.

A Chevron representa 10% da produção nacional da Venezuela, graças a uma joint-venture com a estatal PDVSA. Porém, após as mudanças em sua licença introduzidas pelo governo Trump, a Chevron pode exportar agora apenas os 50% que lhe correspondem nessa parceria. Os outros 50% a Venezuela tem que tentar exportar por conta própria.

E.Mazza--GdR