Giornale Roma - Milei surpreende com vitória contundente nas legislativas de meio de mandato

Milei surpreende com vitória contundente nas legislativas de meio de mandato
Milei surpreende com vitória contundente nas legislativas de meio de mandato / foto: Emiliano LASALVIA - AFP

Milei surpreende com vitória contundente nas legislativas de meio de mandato

O presidente Javier Milei obteve uma vitória surpreendente e contundente nas eleições legislativas de domingo na Argentina, um "ponto de virada" segundo o líder ultraliberal ,que foi parabenizado por seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, por sua "vitória esmagadora".

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O partido de Milei, A Liberdade Avança (LLA), venceu por uma diferença de nove pontos a nível nacional após quase dois anos de reformas ultraliberais, que o presidente prometeu aprofundar a partir de agora.

O resultado traz alívio ao governo após semanas marcadas por uma forte pressão sobre o peso argentino, o que levou Milei a pedir um resgate financeiro a Trump, que havia condicionado o apoio ao resultado eleitoral.

"Parabéns ao presidente Javier Milei por sua vitória esmagadora na Argentina", escreveu o americano na rede Truth Social durante sua viagem pela Ásia.

"Está fazendo um trabalho excelente! Nossa confiança nele foi justificada pelo povo da Argentina", acrescentou.

O partido governista (LLA) venceu com 40,7% dos votos, superando o peronismo (centro-esquerda), que em suas diversas variantes somou 31,7%, segundo dados provisórios da Direção Nacional Eleitoral após a apuração de 98,9% das urnas.

"Hoje passamos o ponto de virada, hoje começa a construção da Argentina grande", disse Milei no discurso de vitória, ao som de rock, mas no qual se mostrou comedido e aberto ao diálogo.

O governo terá, a partir de 10 de dezembro, um terço na Câmara dos Deputados para blindar os vetos presidenciais a seus projetos que enfrentam resistência no Congresso. No Senado, no entanto, terá que formar alianças para avançar em reformas estruturais que exijam maiorias.

"Passamos a contar com 101 deputados em vez de 37 e no Senado passamos de seis senadores a 20", disse Milei, em um discurso mais conciliador do que o habitual, no qual convocou os governadores e outras forças políticas ao diálogo.

A projeção de cadeiras ainda deve ser confirmada pela apuração definitiva.

Os eleitores do LLA celebraram os resultados. "Estou muito feliz e entusiasmado. Não esperava um número tão grande", disse à AFP Facundo Campos, um consultor de marketing de 38 anos.

O resultado mais surpreendente foi o da província de Buenos Aires, a mais populosa do país, onde o governo havia perdido por mais de 13 pontos nas legislativas locais de setembro e agora ficou praticamente empatado com o peronismo.

A taxa de participação foi de 67,9%, a menor para uma eleição nacional desde o retorno da democracia na Argentina em 1983.

- Alívio -

Para o cientista político e historiador Sergio Berensztein, o resultado implica "uma ratificação do rumo para o presidente Milei em um momento realmente crítico ou complicadíssimo".

Depois de promover reformas no Congresso com apoio da oposição em 2024, Milei sofreu uma série de reveses neste ano.

O presidente enfrentou turbulências financeiras e monetárias, uma crise dentro do seu partido após a saída de um candidato acusado de vínculos com o narcotráfico e escândalos por suposta corrupção que envolveram sua irmã e secretária, Karina Milei.

Também começou a enfrentar um Congresso hostil que bloqueou seus últimos vetos a leis que, na opinião de Milei, comprometem o equilíbrio fiscal, âncora de uma gestão com a qual conseguiu reduzir a inflação de 211% em 2023 para 31,8% em termos anuais em setembro de 2025.

"O presidente conseguiu um terço de votos próprios (no Congresso) para evitar um julgamento político e para evitar que rejeitem seus vetos no Congresso, mas agora precisa demonstrar flexibilidade, humildade e capacidade de conseguir acordos com governadores e com as forças opositoras", destacou Berensztein à AFP.

- Redobrar esforços -

Após a derrota, o governador peronista de Buenos Aires, Axel Kicillof, disse que é necessário "redobrar os esforços para cuidar das pessoas".

"Milei se equivoca se comemora este resultado eleitoral, onde 6 de cada 10 argentinos disseram que não concordam com o modelo que propõe", escreveu na rede social X.

Diante da casa da ex-presidente Cristina Kirchner, liderança peronista que está em prisão domiciliar por acusações de corrupção, centenas de pessoas lamentaram o resultado.

"Evidentemente o que está ganhando é a indiferença, não tenho muito mais a dizer", disse Mariano, de 61 anos, que não quis revelar seu sobrenome.

Nas semanas anteriores à eleição, o Tesouro dos Estados Unidos comprou pesos para esfriar a corrida cambial e Trump prometeu a Milei até 40 bilhões de dólares.

Para a analista de opinião pública Shila Vilker, o apoio de Trump foi "muito criticado por uma parte da população argentina, mas também foi muito valorizado por outro segmento importante do eleitorado".

A.Fumagalli--GdR