Funeral de Brigitte Bardot acontecerá em 7 de janeiro em Saint-Tropez
O funeral de Brigitte Bardot acontecerá na próxima semana em Saint-Tropez, anunciou sua fundação nesta segunda-feira (29), enquanto a França debate como homenagear a lenda do cinema que, em seus últimos anos, adotou posições próximas à extrema direita.
A diva da sétima arte morreu no domingo (27), aos 91 anos, em sua casa na pequena cidade portuária mediterrânea, onde vivia há décadas. Veículos de comunicação do mundo todo publicaram suas fotos mais icônicas e homenagens após o anúncio de sua morte.
O funeral de Brigitte Bardot será realizado no dia 7 de janeiro na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Saint-Tropez, seguido de um sepultamento privado e confidencial, informou a Fundação Brigitte Bardot à AFP nesta segunda-feira.
A cerimônia religiosa será transmitida em telões instalados no porto e na praça central de Saint-Tropez. Após o sepultamento, está prevista uma homenagem aberta a todos os moradores da cidade e admiradores da atriz, acrescentou a Fundação.
Bardot ficou famosa em 1956 com o filme "E Deus Criou a Mulher", participou de quase 50 filmes e virou símbolo sexual e ícone de estilo. Porém, deixou o cinema em 1973 para se dedicar à defesa dos direitos dos animais.
Desde então, seus vínculos com a extrema direita despertaram polêmica.
Foi condenada cinco vezes por discurso de ódio contra muçulmanos, mas também contra os habitantes da ilha francesa de Reunião, a quem descreveu como "selvagens".
Bardot faleceu antes do amanhecer de domingo, com o seu quarto marido, Bernard d'Ormale — ex-assessor da extrema direita — ao seu lado.
"Sussurrou uma palavra de amor a ele (...) e partiu", declarou Bruno Jacquelin, representante da sua fundação de proteção aos animais, ao canal de televisão BFM.
- "Cinismo" -
O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou a atriz como uma "lenda" do cinema do século XX que "encarnou uma vida de liberdade".
Figuras da extrema direita estiveram entre as primeiras a lamentar sua morte. Marine Le Pen, cujo partido Reagrupamento Nacional (RN) lidera as pesquisas de intenção de voto, a chamou de "incrivelmente francesa: livre, indomável, íntegra".
Bardot apoiou Le Pen nas eleições presidenciais de 2012 e 2017 e a descreveu como uma "Joana d’Arc" moderna, de quem esperava que pudesse "salvar" a França.
Por outro lado, poucos políticos de esquerda se pronunciaram sobre a morte de Bardot.
"Brigitte Bardot foi uma figura de destaque, um símbolo de liberdade, rebeldia e paixão", declarou à rádio Europe 1 o deputado do Partido Socialista Philippe Brun, sem mencionar suas controversas opiniões políticas.
A deputada ecologista Sandrine Rousseau foi mais crítica. "Comover-se com o destino dos golfinhos, mas permanecer indiferente à morte de migrantes no Mediterrâneo... que nível de cinismo é esse?", ironizou na rede social BlueSky.
O The New York Times, em uma reportagem intitulada "Do sex appeal à extrema direita", considera que, longe de ser "uma figura de consenso", Bardot foi uma das primeiras estrelas polêmicas da era moderna.
Alguns, como o deputado de extrema direita Éric Ciotti, pedem uma homenagem nacional, como a organizada em 2017 para a lenda do rock francês Johnny Hallyday.
- Enterro em Saint-Tropez -
Bardot disse que queria ser enterrada em seu jardim com uma simples cruz de madeira, assim como seus animais, e que queria evitar "uma multidão de idiotas" no funeral.
Nascida em 28 de setembro de 1934 em Paris, Bardot cresceu em uma família católica tradicional e abastada. Casou-se quatro vezes e teve um filho, Nicolas-Jacques Charrier, com seu segundo marido, o ator Jacques Charrier.
Após deixar o cinema, Bardot refugiou-se em sua casa em Saint-Tropez para se dedicar à defesa dos direitos dos animais.
"Sou muito orgulhosa do primeiro capítulo da minha vida", declarou à AFP em 2024, antes de completar 90 anos. "Ganhei fama, e essa fama me permite proteger os animais, a única causa que realmente me importa".
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F.Gentile--GdR