

Woody Allen 'via o mundo através dos olhos' de Diane Keaton
O cineasta Woody Allen publicou, nesta segunda-feira (13), uma homenagem à sua ex-parceira e atriz musa Diane Keaton, cuja morte foi anunciada no sábado.
"O planeta nunca conheceu, nem é provável que conheça novamente, um rosto e um sorriso que iluminem os espaços por onde ela passava", escreveu o cineasta, que compartilhou memórias dos vários anos que passou com Keaton, no site The Free Press.
Fiel ao seu gosto pela autocrítica, Allen contou seus tormentos diante da jovem loira.
Durante a gravação do filme "Sonhos de um Sedutor" (1972), Allen lembrou que "durante a primeira semana de ensaio, não trocamos uma única palavra". "Ela era tímida, eu era tímido, e com duas pessoas tímidas as coisas podem se tornar bastante entediantes", reconheceu o cineasta.
Depois veio um breve jantar "em um restaurante na Oitava Avenida (...). Ela foi tão encantadora, tão bela, tão mágica, que eu duvidei da minha sanidade mental. Disse a mim mesmo: Poderia estar apaixonado assim tão rápido?".
"Eu via o mundo pelos olhos dela", afirmou o cineasta de 89 anos, que disse inclusive que, desde então, só levava em conta os gostos de sua musa.
"Nunca li uma única crítica sobre meu trabalho e só me importava o que Keaton tinha a dizer. Se ela gostava, considerava o filme um sucesso artístico", acrescentou.
Juntos, eles gravaram oito filmes, entre eles "Manhattan" (1979), "Interiores" (1978) e "Um Misterioso Assassinato em Manhattan" (1993).
Até o fim, a atriz ofereceu um apoio incondicional ao diretor nova-iorquino. Durante o movimento #MeToo, em janeiro de 2018, ela havia tuitado: "Woody Allen é meu amigo e continuo acreditando nele".
O diretor enfrentava, então, novas acusações de agressão sexual, feitas em 1992 por sua filha adotiva Dylan Farrow. As acusações contra ele foram arquivadas após duas investigações distintas.
Allen também mencionou sua separação. "Por que nos separamos? Só Deus e talvez Freud poderiam entender isso". E concluiu: "Há alguns dias, Diane Keaton fazia parte do mundo. Hoje não mais. Portanto, é um mundo mais sombrio".
V.Bellini--GdR