

Paramount pagará US$ 16 milhões para encerrar ação de Trump e democratas protestam
A Paramount, dona da rede CBS News, concordou em pagar US$ 16 milhões (R$ 87,2 milhões) para encerrar uma ação do presidente americano, Donald Trump, por suposto favorecimento à então vice-presidente Kamala Harris em uma entrevista em 2024, uma decisão condenada por vários democratas.
Em outubro do ano passado, Trump acionou o popular programa investigativo "60 Minutes", da CBS News, por US$ 20 milhões (R$ 109 milhões, na cotação atual) por ter eliminado trechos das respostas de Kamala, sua então adversária democrata nas eleições presidenciais de novembro de 2024.
Os US$ 16 milhões serão destinados à futura biblioteca presidencial ao invés de serem pagos ao próprio Trump, informou a Paramount à AFP.
O grupo de mídia não se desculpou ou expressou arrependimento como parte do acordo, mas aceitou publicar as transcrições das entrevistas dos futuros candidatos presidenciais ao programa "60 Minutes".
Trump acusou a CBS News de supostamente ter eliminado uma resposta confusa de Kamala Harris sobre a guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas.
A CBS News negou a acusação e explicou que a edição de trechos das entrevistas é uma prática habitual.
Especialistas jurídicos concordam em que a ação carecia de fundamento e que a CBS teria facilmente conseguido uma vitória se o caso chegasse aos tribunais, devido à proteção constitucional à liberdade de expressão.
No entanto, a Paramount iniciou um processo de mediação para apaziguar Trump no momento em que a empresa de mídia busca concretizar uma fusão de US$ 8 bilhões (R$ 43,6 bilhões) com a Skydance, um processo que exige a aprovação do governo.
- 'Submissão' -
"Com a submissão da Paramount a Donald Trump, ao mesmo tempo que a companhia precisa da aprovação de sua administração para sua fusão bilionária, este poderia ser um caso de suborno", declarou a senadora democrata Elizabeth Warren.
"A Paramount se negou a responder a uma investigação do Congresso e, por isso, solicito uma investigação exaustiva para determinar se alguma lei antissuborno foi infringida", acrescentou a democrata.
Warren está entre os três senadores que escreveram à presidente da Paramount Global, Shari Redstone, em maio, para expressar sua preocupação com a possibilidade de suborno e pedir uma investigação do Congresso.
Os republicanos controlam as duas casas do Congresso, o que limita o poder dos democratas de investigar ou obrigar as testemunhas a depor.
A carta dos senadores foi publicada depois que a diretora da CBS News, Wendy McMahon, e o produtor-executivo do "60 Minutes", Bill Owens, se demitiram devido ao enfrentamento com Trump.
"A decisão da Paramount só vai encorajar Trump para continuar atacando, processando e intimidando os meios de comunicação, aos quais tem qualificado de 'inimigos do povo'", opinou o senador democrata Bernie Sanders.
"É um dia sombrio para o jornalismo independente e a liberdade de imprensa, parte essencial da nossa democracia", acrescentou.
O presidente inicialmente entrou com uma ação de US$ 10 bilhões para em seguida elevar o montante a US$ 20 bilhões.
Trump tem atacado outras empresas de mídia, incluindo o jornal local The Des Moines Register, e obrigou a rede ABC (grupo Disney) a recuar em dezembro, com um pagamento de US$ 15 milhões (R$ 81,7 milhões na cotação atual) sob a ameaça de um processo por difamação.
L.Ferrari--GdR