Giornale Roma - Bolsonaro pede absolvição em alegações finais no processo por tentativa de golpe

Bolsonaro pede absolvição em alegações finais no processo por tentativa de golpe
Bolsonaro pede absolvição em alegações finais no processo por tentativa de golpe / foto: Mateus Bonomi - AFP/Arquivos

Bolsonaro pede absolvição em alegações finais no processo por tentativa de golpe

A defesa de Jair Bolsonaro pediu na quarta-feira (13) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a absolvição do ex-presidente, nas alegações finais do processo por tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.

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Em documento de 197 páginas apresentado ao STF, ao qual a AFP teve acesso, os advogados de Bolsonaro afirmam que o ex-presidente é inocente das acusações apresentadas na denúncia, e que "demonstrou-se a absoluta ausência de provas" para condená-lo. Eles exigem a absolvição de Bolsonaro de todas as acusações.

Bolsonaro, 70 anos, é alvo de processo por conspirar para permanecer no poder após perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-chefe de Estado (2019-2022), líder da direita brasileira e aliado do presidente americano Donald Trump, é acusado de "tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito", "golpe de Estado" e outros crimes que poderiam levá-lo a cumprir mais de 40 anos de prisão.

Ele se declara inocente e afirma ser "perseguido".

O ex-presidente se encontra em prisão domiciliar por descumprir uma proibição de uso das redes sociais relacionada com o processo. Desde o mês passado, ele também faz uso de tornozeleira eletrônica.

- 'Não há como condenar' -

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Bolsonaro liderou uma "organização criminosa" que articulou a tentativa de golpe e foi o principal beneficiário do plano.

Segundo a acusação, o ex-presidente agiu "de forma sistemática" durante seu mandato "para incitar a insurreição e a desestabilização do Estado Democrático de Direito" e "gerar um ambiente propício para a violência e o golpe".

O processo também se concentra em reuniões nas quais teriam sido apresentadas minutas de decreto que incluíam a possível prisão de autoridades como juízes do STF.

A defesa enfatizou que "não há como condenar Jair Bolsonaro com base na prova produzida nos autos, que demonstrou fartamente que ele determinou a transição" de poder para Lula.

Os advogados também questionaram a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em cujo depoimento se baseia grande parte da acusação.

As alegações destacam que, após as eleições de 2022, Bolsonaro ordenou a transição do governo de forma "eficaz, pacífica e imediata", incluindo a nomeação de comandantes militares indicados pelo novo governo, o que contradiz, segundo o texto, a narrativa de uma tentativa de golpe.

A defesa também questionou a acusação relacionada aos distúrbios de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes da Presidência, do STF e do Congresso. Argumenta que esses foram "crimes multitudinários" sem conexão direta com Bolsonaro, que se encontrava nos Estados Unidos naquele momento.

O STF deve julgar o caso nas próximas semanas.

- Tensão diplomática -

A situação jurídica do ex-presidente está no centro de um conflito diplomático entre Brasil e Estados Unidos. O governo Trump suspendeu o visto do ministro Alexandre de Moraes, à frente do processo, e aplicou contra ele a Lei Magnitsky, um instrumento para sancionar financeiramente violadores de direitos humanos no mundo.

Trump também impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, sob o argumento de que existe uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro.

M.Parisi--GdR