Giornale Roma - Serviços de inteligência da Alemanha qualificam AfD como partido 'extremista de direita'

Serviços de inteligência da Alemanha qualificam AfD como partido 'extremista de direita'
Serviços de inteligência da Alemanha qualificam AfD como partido 'extremista de direita' / foto: Tobias Schwarz - AFP

Serviços de inteligência da Alemanha qualificam AfD como partido 'extremista de direita'

Os serviços alemães de inteligência interna classificaram, nesta sexta-feira (2), o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar nas últimas eleições legislativas, como um movimento "extremista de direita demonstrado", e a formação denunciou um "golpe duro para a democracia".

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Ao classificá-lo como "extremista", as autoridades podem submeter o partido à alta vigilância.

A ideologia do AfD, que "desvaloriza grupos inteiros da população na Alemanha e atenta contra sua dignidade humana", não é "compatível com a ordem democrática fundamental", considerou o Escritório de Proteção da Constituição em um comunicado.

O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, qualificou como "tirania" o fato de os serviços de inteligência interna da Alemanha designarem o AfD como grupo extremista.

"A Alemanha acaba de conceder à sua agência de espionagem novos poderes para vigiar a oposição", opinou Rubio na rede social X.

"Isso não é democracia: é tirania disfarçada", acrescentou.

O bilionário Elon Musk disse, por sua vez, que proibir o AfD "seria um ataque extremo à democracia".

Nesta sexta-feira, o governo alemão defendeu a decisão de seus serviços, após a declaração de Rubio.

"Isso é democracia", respondeu diretamente em inglês o Ministério das Relações Exteriores alemão a Rubio na plataforma X, acrescentando: "Nossa história nos ensinou que é preciso deter o extremismo de direita".

Os líderes do AfD, Alice Weidel e Tino Chrupalla, denunciaram em um comunicado um "golpe duro para a democracia alemã".

Afirmaram que o partido "continuará se defendendo juridicamente contra essas difamações perigosas para a democracia".

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que em fevereiro se reuniu em Munique com Weidel, acusou a Alemanha de estar erguendo um novo Muro de Berlim.

"Os países do Ocidente derrubaram o Muro de Berlim juntos. E ele foi reconstruído, não pelos soviéticos nem pelos russos, mas pelo establishment alemão", criticou Vance.

Nas eleições legislativas de 23 de fevereiro, o AfD registrou um avanço histórico e dobrou seu resultado anterior, ao obter mais de 20% dos votos.

Desde então, o partido, fundado em 2013, chegou a superar em algumas pesquisas os democrata-cristãos do CDU, a formação conservadora de Friedrich Merz, que será empossado chanceler na próxima terça-feira.

O Escritório de Proteção da Constituição não especificou quais consequências concretas terá essa classificação, mas a medida concede às autoridades importantes meios de vigilância e controle, inclusive das comunicações privadas.

O anúncio também pode reacender o debate sobre uma eventual ilegalização da legenda.

Os serviços de inteligência alemães já haviam classificado como "extremistas" as alas jovens do AfD e diversas ramificações regionais do partido, localizadas em territórios da antiga Alemanha Oriental.

Em seu comunicado, o Escritório destaca a "atitude amplamente hostil em relação a migrantes e muçulmanos" por parte do partido de extrema direita.

"A agitação contínua contra refugiados ou imigrantes favorece a propagação e o aprofundamento de preconceitos, ressentimentos e medo em relação a esse grupo de pessoas", aponta.

A.Sala--GdR