Giornale Roma - De olho na chefia da ONU, mexicana Alicia Bárcena pede 'metas realistas' na COP30

De olho na chefia da ONU, mexicana Alicia Bárcena pede 'metas realistas' na COP30
De olho na chefia da ONU, mexicana Alicia Bárcena pede 'metas realistas' na COP30 / foto: Yuri CORTEZ - AFP

De olho na chefia da ONU, mexicana Alicia Bárcena pede 'metas realistas' na COP30

A secretária do Meio Ambiente do México, Alicia Bárcena, possível candidata à chefia da ONU, disse em entrevista à AFP que "metas realistas" devem ser aprovadas na COP30, em Belém.

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Ex-chanceler do México e ex-secretária da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia, 73, recebeu o apoio público da presidente Claudia Sheinbaum para assumir a Secretaria-Geral da ONU a partir de 2027.

Chefe da delegação do México na reunião de cúpula que antecedeu a conferência climática em Belém, Alicia espera "compromissos muito concretos" dos países, embora considere difícil acordos ambiciosos sobre financiamento climático e descarbonização.

Pergunta: O que pode ser feito para evitar um fracasso contra o aquecimento global?

Resposta: Não podemos continuar com resoluções, chegou a hora de implementá-las. Que todos apresentem suas metas de redução de gases poluentes, mas apenas isso tampouco será a solução: os países desenvolvidos têm que cumprir o artigo sobre o financiamento do Acordo de Paris. Continua sendo um obstáculo para um avanço mais rápido.

P: Apoia a ideia de Lula de criar o Conselho de Mudança do Clima na ONU?

R: Lula está certo em criar um conselho de alto nível para monitorar o cumprimento dos compromissos. Um conselho político, representado por chefes de Estado, porque fomos ficando no nível burocrático (em matéria climática na ONU).

P: Quais são as implicações da ausência dos Estados Unidos nesta COP?

R: É grave. Considero delicado que Trump tenha saído do Acordo de Paris e não reconheça a evidência científica (sobre o aquecimento).

P: O que o México está fazendo para transformar sua matriz de energia fóssil?

R: Há um compromisso da presidente Sheinbaum de aumentar as energias renováveis até 2030, dos atuais 25% para 38%. Passo a passo, avançaremos rumo a uma meta importantíssima: carbono neutro em 2050.

P: Considera possível alguma decisão sobre combustíveis fósseis nesta COP?

R: A eliminação dos combustíveis fósseis em uma data determinada é onde sempre reside o problema, porque ainda há muitos países produtores de petróleo. É muito difícil conseguirmos que todos concordem em eliminá-los até 2030, por exemplo. Mas, sim, estabelecê-lo como uma meta de longo prazo.

P: Que resultados pode-se esperar desta COP?

R: Na COP anterior, dizia-se que deveria-se chegar a US$ 1,3 trilhão (R$ 7 trilhões) em financiamento climático. Temos que ser realistas: aqui não haverá US$ 1,3 trilhão nem brincando. Mas pode haver compromissos muito concretos, como o TFFF (fundo para proteger as florestas tropicais, promovido por Lula), uma iniciativa muito poderosa. É hora de passar para a ação, e os países desenvolvidos têm responsabilidades muito importantes.

P: A senhora será candidata à Secretaria-Geral da ONU?

R: Há um processo em andamento. Continuo convencida de que deve ser uma mulher, e da América Latina ou do Caribe. Algumas já se apresentaram, como a chilena Michelle Bachelet, e outras ainda não decidimos. A proposta deve ser do país de origem. No meu caso, quero fazer o que for melhor para o México, e estou disponível se o país assim determinar.

L.Bonetti--GdR